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  • Foto do escritorandreafanganiello

Texto fora de contexto - famosa frase do Nietzsche

Texto fora de contexto geralmente fica distorcido. Aquela famosa frase "Deus está morto" de Nietzsche não acabava aí. Não tinha um ponto final depois da palavra "morto", mas sim dois pontos: "Deus está morto: mas, considerando o estado em que se encontra a espécie humana, talvez ainda por um milênio existirão grutas em que se mostrará a sua sombra." Esta é a frase inteira. Na verdade, Nietzsche dizia que o conceito de Deus havia morrido para parte da humanidade. Mas entre isso acontecer na mente dos homens e Deus de fato deixar de existir, há no mínimo, um abismo de separação... Há outra frase do Nietzsche que diz: "Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens." Claro que ele não quis dizer que Deus estava queimando em algum lugar no paraíso, mas como aquelas pessoas que não acreditam no poder que há nas palavras e dizem "Ai, que inferno!" quando algo não vai lá tão bem, assim também Nietzsche quis dizer que se alguma coisa faz Deus sofrer, é Seu amor pelos homens. Alguém que está morto...sofre?? (Deus é espírito, não tem corpo perecível.) Não. Aqui de novo Deus está bem vivo em mais esta frase de Nietzsche. O fato de Nietzsche ter sido taxado de filósofo do ateísmo é devido ao fato dele ter constatado que para muitas pessoas, Deus havia morrido. Para elas. Deus, por definição, é eterno. O niilismo, quando ocorria, era para Nietzsche um sintoma de decadência humana, da sua impossibilidade de reter valores. Por isso ele buscou criar uma idéia muito forte, para que os homens tivessem algo em que se apegar. Uma vez que ele constatou que uma parte da humanidade não conseguia mais crer no sobrenatural, desenvolveu uma idéia forte, porém totalmente centralizada no próprio homem. ("Humano, demasiado humano"). Pois se os homens já haviam negado Deus, e também os demais valores com o niilismo, o homem não conseguiria negar sua própria existência. Então foi nisto que Nietzsche se apegou, e criou a idéia do super homem, um homem tão forte e inabalável que seria considerado como um deus. Achava o cristianismo fraco, assim como os sentimentos altruístas: “Que é o altruísmo cristão senão o egoísmo coletivo dos fracos que descobre que, se todos velarem uns pelos outros, cada um será conservado por maior tempo?”. Constatando o predomínio do niilismo, afirmou: “A moral é o instinto da negação da vida. É preciso aniquilar a moral para libertar a vida”. O que seria do mundo se todos seguissem essa última frase, eu não gostaria de ver. Proporcionou em sua filosofia um escape para aqueles que não acreditavam no sobrenatural. Mas nunca disse, isoladamente, "Deus está morto." 

(Texto escrito e postado na minha página pessoal do Facebook no dia 8 de setembro de 2011)

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